Feijão cearense ajuda a baixar o colesterol

Feijão cearense ajuda a baixar o colesterol

Um feijão de sotaque Cearense. “Eu sou cearense. Eu sou baiano. E Cearense só come feijão-de-corda, porque é a nossa tradição”, afirma o nativo.

Popularmente, o sotaque é um só, mas os nomes são vários…

“O nome verdadeiro dele é Vigna Unguiculata, mas pode ser conhecido como feijão-caupi, feijão-de-corda, feijão-fradinho. Tem vários nomes”, explica a nutricionista Karoline Frota, da Universidade de São Paulo (USP).

  • O trabalho com o Feijão-de-corda

O trabalho da pesquisadora, que veio diretamente do Piauí, é descobrir os poderes do feijão favorito dos cearenses. “O que o pessoal mais gosta é o baião-de-dois”, diz uma atendente. Baião-de-dois, feijão-tropeiro ao vinagrete: são pratos de matar saudade. “É um gosto que você não esquece”, responde um rapaz.

Quando a saudade bate no peito, a quantidade de feijão tem que gigante. “Ontem, nós cantamos dois sacos de feijão”, revela uma atendente.

No Centro de Tradições no Ceará, em Fortaleza, o feijão-de-corda é o prato principal de todo fim de semana.

  • A história de como chegou ao Ceará 

No almoço, na janta ou no laboratório de pesquisa, a história desse feijão é longa. O feijão-de-corda veio da África e chegou ao Brasil no porão das antigas caravelas. O grão de origem africana foi importado pelos colonizadores portugueses e espanhóis. Desembarcado na Bahia, foi conquistando o Nordeste e Norte do Brasil.

As raízes se espalharam pelo Brasil. Agora, quem diria, no século 21, o feijão com tantos nomes chegou aos laboratórios de pesquisa. Por essa, seu Vicente, mais conhecido como Chapéu de Couro, não esperava.

  • Estudo e a relação com a nutricionista

De acordo com a nutricionista Karoline Frota, que está estudando as propriedades do feijão-de-corda na saúde, o feijão-de-corda ajuda a baixar o colesterol. A pesquisa deu início em 2007, no Laboratório de Nutrição Aplicada da Faculdade de Saúde Pública da USP. Desde pequena a nutricionista comeu esse feijão que nunca tinha sido estudado por nenhum outro nutricionista.

“Eu posso dizer que é a primeira pesquisa a fazer isso com o feijão-caupi e, mais especificamente, que faz isso com a proteína isolada”, acrescenta a nutricionista sobre o alimento.

  • O feijão-de-corda reduz o colesterol?

Como vários feijões, o Caupi também é rico em fibras, ferro e vitaminas, mas Karoline estava em dúvida se a proteína que ele contém tinha a chance de reduzir o colesterol. Por isso, ela teve um trabalho enorme para tirar a vicilina, que é a proteína do feijão.

A nutricionista queria analisar três dietas: uma normal, outra com os grãos triturados e uma terceira só com a proteína do feijão isolada.

  • Experimento com animais

Ela escolheu hamsters, cheios de gordura no sangue, para fazer o teste. “Nós escolhemos hamsters por causa do metabolismo do colesterol que é muito parecido com o metabolismo dos seres humanos”, justifica a pesquisadora.

O problema dos animais é igual ao nosso. A alimentação rica em gordura saturada aumenta os níveis de colesterol no sangue. Depósitos gordurosos vão se formando nas artérias e no fígado que, sobrecarregado, começa a trabalhar mal na limpeza do organismo. Só temos um fígado e um coração, e acúmulo de gordura neles pode ser prejudicial.

  • Qual foi o resultado?

Como a maioria dos grãos de feijão, todos ajudam a reduzir o colesterol, mas o resultado da dieta com o feijão-de-corda integral foi perfeito!

Nos animais, alimentados com a proteína do feijão-de-corda isolada, a diminuição do colesterol total no sangue foi de 22%. É maior ainda naqueles que comeram os grãos triturados, o que a pesquisadora chama de feijão integral. Nesse caso, o colesterol caiu bastante para 54%. “Além da proteína, ele tem outros componentes que vão somar nesse efeito redutor de colesterol, com certeza, a fibra do feijão integral ajuda também”, aponta a pesquisadora.

  • Feijão-de-corda integral

A nutricionista teve mais uma ótima notícia ao analisar os fígados dos animais que antes da dieta estavam cheios de gordura.

“O fígado do grupo que recebeu o feijão integral e a proteína isolada ficou bem limpo. Essa proteína foi capaz de reverter a deposição de gordura no fígado, porque a gente observou, pelas lâminas, que os depósitos desapareceram no final do estudo”, diz a nutricionista. Para conseguir um resultado tão positivo assim, seria preciso comer bastante feijão, com umas seis conchas por dia. Por isso, os pesquisadores querem investir na proteína isolada que poderia ser inserida em vários produtos pela indústria de alimentos. O isolamento de proteína será usado na próxima etapa da pesquisa com vítimas de colesterol alto. Até lá, vale a pena acrescentar o feijão-de-corda à dieta.

  • Consumo de feijão e o limite correto

“O consumo de feijão tem caído muito nos dias de hoje. As pessoas estão ingerindo muita salada, diminuindo o carboidrato e o feijão que é fonte principal de proteína. É importante manter esse consumo de feijão. E para as regiões que não têm esse hábito de consumir o feijão-de-corda, tem que estimular por esse efeito de reduzir o colesterol”, aponta a pesquisadora da USP.

Para quem já gostava, a notícia aumentou a fama do feijão. “O feijão-de-corda baixa o colesterol? Vou começar a comer todo dia, porque o meu está alto”, diz um estudante.

  • Cuidado pra não exagerar!

Mas é preciso lembrar também da alimentação balanceada, controlada e com exercícios em dia. Não vale encher a panela de manteiga, carne gorda e outros tipos de gordura. O preparo do feijão tem que ser leve de verdade.

“É tudo de bom, sara tudo. O cara chega aqui doente, e sai sarado”, conta Chapéu de Couro.

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