Camocim

Camocim

 

1535 – Origens de Ocupação

As terras de Camocim fazem parte das capitanias hereditárias propostas por Dom João III na carta Foral de 11 de março de 1535. A Capitania do Ceará, com 40 léguas e limites de Parnaíba (PI) à Fortaleza (CE), coube a Antônio Cardodo de Barros. Porém, o donatário português não se aventurou a ir a Camocim, muito menos colonizá-la. Antônio Cardoso de Barros só veio ao Brasil em 1549, nomeado como Provedor-Mor da Fazenda.

“O primeiro lote ficou sob responsabilidade de João de Barros e de Aires da Cunha, e ía do Rio Grande do Norte à enseada de Curumicuara no Ceará. Daí em diante começava o lote de Antônio Cardoso de Barros, que ia até o rio Camocim. Do rio Camocim, no Ceará, até o cabo de Todos os Santos, no Maranhão, a capitania pertencia a Fernand’Álvarez de Andrade (onde o litoral do Piauí está inserido) e , por fim, vinha a capitania do Maranhão, segundo lote de João de Barros e Aires da Cunha”.
(ABREU, 1988, p. 83; POMPEU SOBRINHO, 1980, P.107).

As terras do Ceará ficavam à mercê dos corsários estrangeiros, principalmente franceses, que comercializavam com os índios ervas e outras riquezas naturais da flora como a tatajuba e o pau violeta.

1613 – Ocupação de Camocim na Conquista do Maranhão

A partir de 1610, os colonos portugueses começaram a se estabelecer no litoral do Ceará para proteger a Capitania dos ataques de franceses e holandeses e ingleses.

Em 1613, os portugueses dirigiram-se ao norte com intenção de conquistar o Maranhão. De passagem pelas terras de Camocim, onde tinham intenção de se estabelecer, encontraram seca e miséria, transferindo-se para a localidade de Buraco da Tartaruga, hoje chamada Jericoacoara. A região ficava distante de qualquer ocupação.

A intenção da colonização, era a descoberta de minérios preciosos e a extração de sal. Os canais do Rio Camocim permitiam a navegação em marés altas. Os holandeses estabeleceram-se próximo aos melhores locais para a exploração salineira e com água potável em abundância.

Foi construída, então as Fortificações do Camocim, localizadas na margem esquerda da foz do rio Coreaú, atual Praia das Barreiras.

BARRETTO (1958) informa que uma fortificação neste ancoradouro já havia sido cogitada em 1613 por Jerônimo de Albuquerque Maranhão (1548-1618), no contexto da conquista da Capitania do Maranhão aos franceses, optando por se estabelecer, entretanto, em Jericoacoara (ver Fortificações na ponta de Jericoacoara) (op. cit., p. 92).

No contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), um reduto de campanha neerlandês defendia o Porto do Pote (atual Camocim), remontando, provavelmente, a 1641 quando o governador neerlandês da capitania do Ceará, Gedean Morris, viajou pelo norte da capitania a título de exploração.

O mesmo autor complementa que, em 1656, o governador da capitania do Maranhão, André Vidal de Negreiros (1606-1680), a quem a Capitania do Ceará se subordinava, ordenou guarnecer o Camocim com vinte e cinco homens e um ajudante, artilhando-o com quatro peças de 6 libras, com a mesma função do Fortim de Jericoacoara: apoiar e proteger as comunicações por terra do Ceará com o Maranhão. Em 1687, nada mais restava da estrutura (op. cit., p. 92-93).

GARRIDO (1940) acredita que o Forte de Camocim tenha sido levantado em 1659 para desaparecer em 1696 (op. cit., p. 40). SOUZA (1885) refere que existiam vestígios de seus muros, à época (1885), no local (op. cit., p. 36).

1879 – De Povoado a Vila

Fugindo da seca que assolava o sertão, chegaram a Camocim, imigrantes vindos principalmente de Mombaça, de modo que, no final do século XIX, a população da cidade chegava aos 5 mil habitantes. Nesta época, a localidade foi elevada à categoria de Vila, por força da Lei Nº. 1849 de 29 de setembro de 1879, sendo desmembrado do município de Granja.

1881 – Inauguração Estrada de Ferro

A eficiência do porto de Camocim, possibilitando a importação e exportação de mercadorias, até então feita pelo porto de Acaraú, fez surgir a idéia de conectar a cidade, por via férrea, a Sobral. Deste modo, em 15 de janeiro do ano de 1881, foi inaugurado o primeiro trecho da Estrada de Ferro de Sobral – Camocim.

O conjunto arquitetônico da Rede Ferroviária no Estado do Ceará em Camocim, reunia terminal, residência do engenheiro, galpões para entrepostos e extenso pátio para manobras. A ferrovia e o porto impulsionaram o desenvolvimento do Município, aquecendo o comércio e atraindo população.

1889 – De Vila a Município

Em 17 de Agosto de 1889, pela Lei Nº. 2162 passou a categoria de cidade.

Patrimônio histórico:

1- Casa do Engenheiro da Ferrovia

De arquitetura eclética, data da mesma época da Estação Ferroviária, 1881, foi testemunha do período áureo do município, onde se evidenciou um forte movimento na área de importação e exportação de produtos que chegavam através do Porto. Hoje abriga a Academia Camocinense de Letras.

2 – Capitania dos Portos

A Agência da Capitania dos Portos em Camocim (AgCamocim) foi criada como Delegacia pelo Decreto nº3.334, de 5 de julho de 1899, do Exmo. Sr. Presidente da República Manuel Ferraz de Campos Salles, um ano após a emancipação política da cidade, ocorrida em 8 de novembro de 1898. A Agência estabeleceu-se nos seguintes endereços: Praça da Estação nº 101 – Centro e Rua Engenheiro Privat nº 179 e 289 – Centro. Tendo sido rebaixada a categoria de Capatazia pelo Decreto nº 3.929, em 20 de fevereiro de 1901, do Exmo. Presidente da República Manuel Ferraz de Campos Salles e elevada à categoria de Agência em 15 de setembro de 1922, conforme relatório do Exmo. Sr. Ministro de Estado dos Negócios da Marinha Almirante Alexandrino Faria de Alencar. Consta que a esta Agência teve um período de desativação. Reativada pela Portaria nº 27, de 7 de julho de 1948, do então Exmo. Sr. Diretor-Geral da Marinha Mercante Vice-Almirante Raul de San-Tiago Dantas. Relevada a categoria de Agência pelo Decreto nº 71.991, de 26 de março de 1973, do Exmo. Sr. Presidente da República Emílio G. Médici. Instalada em um terreno de 2.415,60 m2, desde 22 de março de 1971, tendo como endereço a Rua Dr. João Thomé nº 113 – Centro. Atualmente tem sua organização estabelecida pela Portaria nº 54, de 31 de agosto de 2011, do Comandante de Operações Navais.oi criada pelo Decreto nº 3.334, de 5 de julho de 1899. Posteriormente desativada, foi reativada pelo Decreto nº 3.929, de 20 de fevereiro de 1921 e elevada a categoria de Agência em 15 de setembro de 1922, conforme relatório do Exmº Sr. Ministro da Marinha. Posteriormente, a Agência teve um novo período de desativação, sendo reativada pela Portaria nº 0027 de 7 de setembro de 1948 da então Diretoria da Marinha Mercante. Reelevada a categoria de Agência pelo Decreto nº 71991, de 26 de março de 1973.

3 – Instituto São José;

19 de março de 1950! Um marco na história da Educação em Camocim. A ousadia e a intrepidez de um sonho aliadas ao amor, dedicação, solidariedade e generosidade de tantas pessoas deixaram a suamarca indelével na trajetória do INSTITUTO SÃO JOSÉ que então, se iniciava.

Em Camocim, até então, não havia nenhuma Escola Católica, o que constituía uma preocupação para o Vigário da Paróquia, Monsenhor Inácio Nogueira Magalhães. Mais do que uma preocupação, havia o sonho de oferecer à comunidade camocinense, a possibilidade de uma educação cristã, católica e evangelizadora que, na vastidão do campo do conhecimento, pudesse espalhar as sementes do Reino de Deus no coração das pessoas: crianças, jovens e adultos, envolvidos no processo educacional. Seu sonho compartilhado tornou-se realidade!

4 – Associação Comercial;

5- Igreja Matriz de Bom Jesus dos Navegantes
Construída pelo Padre José Augusto da Silva. Templo moderno, arejado e de acústica muito boa foi inaugurada e abençoada pelo então bispo de Sobral D. José Tupinambá da Frota no ano de 1919. A estátua do Bom Jesus dos Navegantes é uma linda imagem de tamanho natural. Na igreja jazem os restos mortais do Dr. José Privat, engenheiro, que construiu a estrada de ferro e a Igreja Matriz. Fica situada na Praça Severino Morel.

6 – Prefeitura Municipal – De estilo art-decor, data de 1930

7- Antiga Estação Ferroviária
Arquitetura de estilo eclético, datada de 1881. Obra tombada pelo Patrimônio Estadual. Em administrações anteriores abrigou a Casa de Cultura e Desporto do município, o Campus de Difusão Tecnológica da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA, e atualmente abriga a Prefeitura Municipal de Camocim.

A ESTAÇÃO: Os primeiros habitantes de Camocim remontam ao final do século XVIII. Tornada porto pela habilidade de Gabriel Rocha em conduzir qualquer navio pela barra, a cidade foi crescendo rapidamente. “A 3 de outubro de 1857, foi concedido a Tomas DixonLowden, pelo Governo Imperial, privilégio por 50 anos para construir uma estrada de ferro de Camocim até Ipu. Em 19 de junho de 1878, o Governo Imperial voltou a olhar o problema da construção da estrada de ferro, autorizando os estudos e construção do trecho de Camocim a Sobral. À tarde do dia 24 de julho do mesmo ano, os habitantes de Camocim foram agradavelmente surpreendidos com a entrada, no porto, do vapor Guará, conduzindo a ilustre comissão de engenheiros encarregada dos trabalhos da estrada referida. A população camocinense recebeu a comissão aludida com grande demostração de alegria e, em favor da deficiência de domicílios, algumas famílias cederam os seus, para abrigar os engenheiros e foram habitar em palhoças. A 5 de agosto de 1878, tiveram início os estudos para a construção da estrada de ferro. A 26 de março de 1879, realizou-se com assistência do Presidente da Província e solenidade de estilo, o assentamento do primeiro trilho da estrada de ferro em Camocim, sendo convidado, pelo Dr. Rocha Dias, para bater o primeiro grampo, o Dr. José Júlio de Albuquerque. Compareceram ao ato todas as autoridades de Granja e Camocim, além de elevado número de pessoas gradas. A inauguração do primeiro trecho da Estrada de Ferro de Sobral, entre Cmocim e Granja, numa extensão de 24,5 quilômetros, ocorreu no dia 15 de janeiro de 1881, dois anos após o início dos trabalhos. A antiga capela de Camocim, que por muitos anos serviu de matriz, foi iniciada em 1880 obedecendo à planta e direção do Engenheiro José Privat, primeiro diretor da Estrada de Ferro de Sobral (…)” (Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, vol. XVI, IBGE, 1959). A estação de Camocim foi, então, inaugurada em 1881 como ponto inicial da E. F. de Sobral. O município havia sido criado em 1879. Seu porto se desenvolveu mais ainda com a ferrovia. Por volta de 1949, consta que o governador do Ceará tentou extinguir o ramal de Camocim, e ouve um levante popular contra essa atitude. O levante acabou adiando a extincão do ramal, se é que realmente era esse o objetivo do Governador. Na verdade, parece que o que ele queria era fechar o porto, o que acabaria por levar à supressão do ramal, que perderia muito movimento, e, na época, a ferrovia era praticamente a única fonte de suprimentos e de transporte para Camocim. De qualquer forma, até janeiro de 1976, pelo menos, o Guia Levi ainda acusava o tráfego de trens de passageiros na linha de Camocim a Oiticica. Em 1978, já não mais. “Conheci o engenheiro que arrancou os trilhos deste ramal. Em 1980 ele era o Engenheiro Residente em Tirirical, em São Luiz, portanto a linha deve ter sido tirada bem antes disso” (Coaraci Camargo, 2005). “Essa locomotiva WhitcombEndcabe 650 hp – U.S.A, de n° 612, escreveu uma página negra na história ferroviária do ceará. No ano 1951, na linha sul (Estrada de Ferro de Baturité) ao sair de Quincoê buscando Fortaleza, tombou com um trem de passageiros com saldo de 200 mortos (extra oficial). Somente ela e um vagão permaneceram nos trilhos. Nesse ponto da fotografia iniciava-se a linha no rumo de Sobral, a antiga Estrada de Ferro de Sobral. Adiante a uns 300 m ficavam à direita as oficinas mecânicas e à esquerda o depósito de carros e o leito do rio Coreaú. Note os lambrequins em seu beiral preservadíssimos. Na foto (abaixo, de 2006), o antigo pátio de Camocim. Ao fundo a gare e a estação. À direita o deposito de carros e por trás deste os armazéns do porto. À esquerda a casa da administração e mais à diante sem visualização as oficinas. Nessa estrada carroçável saíam os trilhos rumo Sobral. E na foto das ruínas da oficina (também abaixo), as ruínas das oficinas mecânicas em Camocim resistem ao tempo. Perceba, longe e ao fundo, restos dos portais do depósito de locomotivas, olhando para a gare. E no plano maior, as oficinas olham para o rio Coreaú. A sua frente passavam os trilhos do pq. de manobras da 5° divisão buscando Sobral. No pé da foto, vestígios da velha rotunda. Ainda de pé, definha o velho depósito de carros. Em seu interior passavam três trilhos com valas para os serviços de manutenção. Está edificado a 50m adiante da gare, à esquerda” (Ney Robinson, 12/2006). “A locomotiva no. 612 da Rede de Viação Cearense (RVC) era uma Whitcomb (USA) de rodagem C-C. A história é a seguinte: durante a época da sua dieselização e eletrificação, a Viação Férrea Federal Leste Brasileiro (VFFLB), da Bahia, adquiriu 15 dessas locomotivas em 1949, recebidas em Salvador naquele mesmo ano. Entretanto, durante os testes e início de sua operação na Bahia, em 1949-50, essas locomotivas tendiam a “abrir a bitola” das linhas da Leste Brasileiro, tornando-se sub-utilizadas. Como a VFFLB já era uma ferrovia pertencente ao antigo DNEF (Departamento Nacional de Estradas de Ferro, precursora da RFFSA), essas 15 locomotivas foram transferidas para a Rede de Viação Cearense e operaram por lá até a sua baixa – não sei ao certo, mas devem ter sido baixadas na década de 1970″

8- Praça do Amor
Situada à margem do Rio Coreaú, a “Pracinha do Amor” recebeu esse nome por ter um clima propício para os namorados trocarem juras de amor. No período de Carnaval, o tradicional “mela-mela” acontece aqui. Construída em 1971, fica situada a Rua Engenheiro Privat com a Av. Beira Mar.
9 – Edifício Sede da Maçonaria;

10- Praça Pinto Martins
Construída em homenagem ao aviador Euclydes Pinto Martins, filho de Camocim, em comemoração ao centenário de Camocim, em 29/09/1979.
Praça recém reformada para comemorar a cada dia 15 de Abril o Dia Municipal do Aviador Euclydes Pinto Martins situada a Rua 24 de maio, esquina com Alcindo Rocha.

11 – Biblioteca Municipal (Casa onde nasceu Euclides Pinto Martins)

12- Mercado Central
Construído na década de 20 é considerado umas das mais belas obras de arquitetura original,atualmente em fase de reforma. Abriga comerciantes que vendem carnes, peixes, ovos, frutas e verduras, artesanato em barro, entre outras mercadorias. É o coração do centro da cidade. Hoje em dia, há novas construçoes nas margens do Mercado Central.

13 – Farol do Trapiá

Turismo Ceará

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